O jornalista e escritor caxiense Gustavo Tamagno Martins escreveu o texto "Os jardineiros da esperança", publicado na página 5 do jornal Pioneiro de quarta-feira (16/07). O Sinpro/Caxias entrou em contato com ele e solicitou a divulgação do conteúdo no site e redes do sindicato. Gentilmente, Gustavo concordou e ainda destacou a importância de valorizar os professores nos dias atuais, diante de tudo que vem acontecendo: "Na minha opinião, é uma das profissões mais importantes de todas, pois ajuda a formar as demais. Todo mundo passa pelas mãos de um professor, e eu sou muito agradecido a cada um deles que ajudou na minha trajetória. Nós precisamos urgentemente valorizar nossos educadores, porque pode ser que em breve ninguém mais queira atuar como professor", alertou.
Os jardineiros da esperança
Pesquisadores apontam que ensinar é uma das melhores formas de aprender. O nosso cérebro aprende a partir da combinação de estímulos e foi comprovado que quando alguém ensina o outro, consegue reter cerca de 95% do conteúdo estudado, enquanto quem apenas lê, absorve somente 10%. O psiquiatra William Glasser explica que ensinar é um estudo ativo, ou seja, quando ensinamos algo a alguém, nós questionamos, revisamos e resolvemos questões. E claro, ensinar é uma forma de praticar o que se aprendeu. Rubem Alves foi ainda mais profundo: “ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra”.
Por falar em aprender, não podemos nos esquecer que existem muitos heróis que se utilizam do ensino e da educação como ferramentas para melhorar o mundo. Somos tão hipócritas que idolatramos jogadores de futebol enquanto desvalorizamos nossos professores. Aplaudimos artistas e humilhamos os educadores. Melhor nem comentarmos então sobre os salários desproporcionais. Aliás, medir o trabalho de um professor com as horas-aula é o mesmo que dizer que um atleta só trabalha durante a corrida.
Ser professor é ser guia, é conduzir pelo caminho do conhecimento. Apesar do descaso com a educação em nosso país, ser professor é fazer o aluno enxergar possibilidades aparentemente inexistentes para o restante da multidão. Ser professor é semear sonhos em uma sociedade que perdeu a capacidade de sonhar.
Ser professor é acreditar em um futuro que ninguém mais acredita. Ser professor é nadar contra a maré e provar com unhas e dentes que a educação é a forma mais eficaz para transformar o mundo e que os livros são as armas mais poderosas contra a ignorância.
Todo dia é dia de lembrar o quanto eles são importantes para nós. A todos vocês, mestres, o meu respeito, a minha admiração e a minha gratidão por jamais desistirem de semear, especialmente em épocas de solo árido. Vocês são os jardineiros da esperança, que plantam cada lição como uma semente que germina e se torna flor. Que vocês nunca se esqueçam do motivo pelo qual escolheram essa profissão e espero de coração que sejam recompensados por essa missão tão linda e nobre. Ensinar é também se tornar eterno, portanto, vocês são imortais.

Gustavo é jornalista formado pela FSG - Centro Universitário e pós-graduado em Jornalismo Digital pela Unyleya. Tem passagem pela redação do Jornal Pioneiro e pelo Jornal O Florense.
É autor dos livros "O cemitério misterioso" (2017), "O sótão das lembranças" (2018), "O colecionador de momentos e outras crônicas" (2022) e "Ansiosos, dirijam-se a este guichê" (2024). Também teve participação nas antologias nacionais "Árvore da Vida" (2021), “Crônicas da Noite” (2023), "Antologia Poética Mario Quintana" (2023), "Tchê! Contos, crônicas e poemas" (2025), "Recortes de Outros Dias" (2025) e "Prêmio Brasiliê - Coletânea Nacional de Literatura - Crônicas" (2025).
No ano de 2021 foi escolhido como o patrono da 1ª Feira do Livro ao Ar Livre de Nova Pádua (RS). No ano de 2023 ganhou o 1º lugar na categoria de crônicas do Concurso Anual Literário de Caxias do Sul e em 2024 garantiu o 2º lugar na categoria de contos do mesmo concurso.